Luciano Huck: O Garoto Nacional

Líder de audiência aos sábados, apresentador leva seu 'Caldeirão' a todo o Brasil e recebeu, só no ano passado, mais de 300 mil cartas com pedidos de ajudaRio - Luciano Huck é bem-criado, bem-nascido, em família de classe alta de São Paulo, e por isso faz parte de seu show afirmar que não se importa com dinheiro. Até mesmo propaganda que fez de sabonete íntimo com Angélica, em 2006, não foi pelo cachê: “Isso foi há muito tempo, era uma empresa séria”, explica. Ele também pulou da máquina de lavar dos pais quando era criança, pensando ser super-herói, achando que podia voar: “Não sou super-herói”, desmente o incrível Huck, que já reformou a casa de 28 famílias e consertou 35 carros nos quadros de seu programa, no qual também costuma dar prêmios de R$ 10 mil em dinheiro a cada semana.

Mas ele não nega que o ‘Caldeirão do Huck’ lhe dá imenso prazer. Orgulha-se das atrações ‘Lata Velha’ e ‘Lar Doce Lar’, em que reforma carros e casas, respectivamente: “É muito gostoso. Você passa a entender melhor o Brasil”. Luciano visita sempre todas as regiões do País. “Uma coisa é você ver no jornal, na TV, outra é ouvir o depoimento das pessoas. Você passa a dar valor a coisas que nem percebe no dia-a-dia. Dá valor a, por exemplo, ter 20 ovos na geladeira, ou conforto na sua cama”.

O homem cotado para herdar o domingão da Globo é boa-praça e fino o suficiente para evitar polêmica. “Estou feliz com meu sábado, adoro meu sábado”, frisa ele, líder absoluto de audiência há quase nove anos (o aniversário do programa é mês que vem). “Faustão ocupa lindamente o horário, é uma pessoa que respeito muito”, despista, político. “O poder da palavra é tão ou mais poderoso que o da caneta”, afirma ele, que, quando seu Rolex foi roubado, chamou o Capitão Nascimento do filme ‘Tropa de Elite’ para o combate. “Mas hoje acredito que só com educação para vencer a violência”. Sem traumas? “Nenhum”, jura. “Eu e tanta gente já foi assaltado. O Yuka (ex-integrante do Rappa) foi assaltado de novo, coitado. É um problema que a gente tem. Temos uma série de virtudes, mas temos esses problemas e, para isso, a gente tem que trabalhar para melhorar”, diz ele, que investe em educação no quadro ‘Soletrando’ e é dono de instituto de cinema para jovens carentes. Odeia o rótulo de assistencialista. Acha que apenas faz sua parte: “Física, jurídica, na televisão, fora dela”. Luciano conta que não usa carro blindado: “Mas meus filhos e Angélica sim, porque ela gosta. Você acaba reagindo ao sistema, aqui não é a Suécia”. Difícil de driblar, Luciano Huck revela que o Fenômeno Ronaldo é seu amigo e que confia nele e em poucas pessoas. “No meu pai, minha mulher, pessoas que eu ouço”.

Ele não dá trela. Com 45% de share (a cada 100 televisores, 45 estão ligados nele aos sábados), recebeu nada menos que 300 mil cartas pedindo ajuda em 2008. Volto ao episódio da máquina de lavar, quando ele saltou para o heroísmo, e ele corta. “É, quebrei os dentes da frente”, encerra Huck, que por anos teve que usar uma placa de metal. Ele desfaz qualquer relação com a infância e diz que o que o seduz em seus quadros amados pelo Brasil são as histórias das pessoas. “Ah, não tem como não se envolver. Ali é tudo uma vida de verdade. Você chega e transforma, no bom sentido, na parte do conforto, a vida de gente que é muito difícil. Você vê criança de 2, 3 anos vivendo supermal e sai, passados 15 dias, vendo aquela pessoa morando superbem. As dificuldades financeiras vão continuar, as adversidades, mas a casa, o cantinho, o colchão, o travesseiro, estão lá”, vibra.

Luciano, que criou personagens que renderam milhões às suas intérpretes, como Tiazinha e Feiticeira, ainda na Band, acredita que fechou um ciclo. “Como tudo na vida, você tem que abrir, trabalhar, maturar e fechar”, fala ele, que no começo foi dependente de Marlene Mattos, a ex-todo-poderosa da Globo, hoje diretora de shopping. “Trabalhei no núcleo dela uns anos, foi importante”, confirma, hoje com equipe de “molecada presente”, dirigida por Rodrigo Cebrian.

Chamado de Silvio Santos (‘Quem quer dinheeeeiro?’, lembra o bordão), diz que tem de todas as referências um pouco. “Todo mundo que trabalha em TV tem que ter um pouco de Silvio, de Chacrinha, de Faustão, de Hebe. Angélica também é uma enciclopédia viva da televisão”, derrete-se, sobre a mulher.

Huck: 'Ela é parceira de verdade'

Entre confirmar namoro e gravidez passaram-se cinco meses. Huck, que já havia namorado anos a apresentadora Eliana e saído com umas bonitonas como Ivete Sangalo, casou-se com Angélica em cerimônia de R$ 450 mil na Marina da Glória, em outubro de 2004. O casal lindo — enfadonho para alguns e ‘Doriana’ para românticos — teve Joaquim, 4 anos, e Benício, 1 .

A festa de aniversário do filho mais velho foi no último sábado e as crianças estavam vestidas de ‘Os Incríveis’. “Estou superprotegida. Eles são meus super-heróis”, declarou a apresentadora.

“Tenho total segurança em Angélica. Entendi que não estou perdendo nada. Chega uma certa idade em que você vê que vale a pena ter uma parceira de verdade, com quem você divida suas coisas, tenha tesão e tal”. Luciano nem se importou quando ela espalhou que “quem ama perdoa”. “Claro que ela disse isso, sabe que não corre o risco”, ri.

E Huck perdoaria traição? “Também não corro o risco”, faz charme. “Mas acho que sim”, diz, sobre a sinceridade dos dois. “Sabe por quê?”, retoma ele, “a informação hoje é muito fácil. As pessoas já sabem ver nas entrelinhas o que é cenográfico, o que não é. Nossa relação sempre foi muito verdadeira. Os filhos só mudaram tudo para melhor, embora até os seis meses o homem tenha a função de um abajur”. Sobre passar a vida com Angélica, não nega: “Se os 50 anos forem tão bons quanto os primeiros 5, estou igual ao Juscelino Kubitschek, 50 anos em 5, ‘vambora’”.

Processo corre por conta do 'Lata Velha'

O mundo de sonhos proporcionado por Huck quase virou pesadelo. Em 2007, o vendedor João Marcelo Vieira entrou com processo contra a TV Globo, alegando que seu Opala verde, ano 79, teria sido trocado por uma Caravan no ‘Lata Velha’. O rapaz teve o pedido de participação no programa feito por Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, que o conheciam da praia. Ele entrou na Justiça pedindo indenização por danos morais e materiais. O processo corre e a Globo não se manifesta sobre questões que estão sub judice. Para Luciano, não houve erro.

“Não tinha fundamento. Aproveitadores e pessoas que tentam encontrar falhas jurídicas vai ter em tudo que é lugar. Quando uma acusação tem fundo de verdade você se preocupa, se defende. Mas nesse caso a gente não errou”. Sobre a indicação ter vindo do casal de atores, Luciano Huck lamenta: “‘Tadinhos’. Hoje você fala com o Rodrigo e ele quer matar o cidadão, porque não sabia que era mau-caráter”.

fonte:O Dia
agradecimento:Fernanda