Em entrevista ao jornal "O Globo" de domingo (8), Luciano Huck, que completa em 2009 dez anos na Rede Globo e estreia no sábado (14) a nova edição do quadro "Soletrando", no "Caldeirão do Huck", fez uma avaliação da década que passou na emissora.
”Não sou um showman. Não canto, não sapateio, não toco bangô. Tenho uma série de inseguranças que vou suprindo com a maturidade, a experiência, a criatividade”, disse ele, afirmando que o programa passou a dar certo há sete anos, quando deixaram que montasse uma equipe. “E também na hora em que passei a entender meu papel na TV”.
O apresentador negou as críticas de que o programa é assistencialista. “Quando chego em casa para jantar, falo com Angélica: 'Sabe todos os nossos problemas? São ínfimos, não temos que dar valor a eles'. As histórias te dão uma blindagem contra bobagens, patrulhas, invejas, pequenices do dia-a-dia”, afirmou.
fonte:Quem
Entrevista de Luciano Huck
Um dia chegou à casa de meus pais um vaso com uma árvore de cabeças de alho, usada contra mau olhado. Junto, vinha um bilhete, onde Luciano Huck dizia ter adorado o livro “Inveja — Mal secreto”. Mas o presente tinha menos a ver com superstição do que “querer mostrar respeito a um casal que eu respeito, mesmo sem conhecer pessoalmente”. “O objetivo era desejar que eles ficassem bem, e simbolicamente falar: ‘Olha, que isso te proteja e te traga boas energias’.” Com gestos assim, Huck ganhou a fama de boa-praça.
Aos 37 anos, casado com Angélica, pai de Joaquim e Benício, ele faz em 2009 dez anos de Globo, na melhor fase da carreira. “Cortei todas as gorduras, para me dedicar só à TV. O que ficou é investimento: pousada em Fernando de Noronha, restaurante em SP e um pedaço do Hotel Fasano.” Ele estreia sábado a nova edição de “Soletrando”. Os alunos de escola pública envolvidos chegaram a 500 mil. No papo no Garcia & Rodrigues, ele trocou o refrigerante por uma invenção: suco de limão puro com água Perrier, que tem “gás natural”. A propósito: a árvore de alho continua inteira.
André Coelho-REVISTA O GLOBO: Como você se vê como apresentador?
LUCIANO HUCK: Não sou um showman. Não canto, não sapateio, não toco bongô. Tenho uma série de inseguranças que vou suprindo com a maturidade, a experiência, a criatividade. O “Caldeirão” passou a dar certo depois que deixaram, há uns sete anos, que montássemos nossa equipe. E também na hora em que passei a entender meu papel na TV. Gosto de ouvir as pessoas, de ir atrás de boas histórias, seja a índia de Roraima no “Soletrando” do ano passado ou o representante do Rio de agora, de 11 anos, que nasceu, foi criado e estudou na Rocinha. De vez em quando, você tem que ficar rouco de tanto ouvir.
Como surgiu o “Soletrando”?
O diretor-geral do “Caldeirão”, Rodrigo Cebrian, tinha me falado de um evento americano, “Spelling bee”. Não é um programa de TV, tem somente a final televisionada. Quando estive em Nova York, vi um documentário sobre a competição. Falei: “Vamos formatar isso para a TV.” Este ano, a primeira rodada será com palavras que já passaram pela reforma ortográfica. E a Sandy, que acaba de se formar em letras, vai ser jurada. Ajuda a mostrar que a língua portuguesa pode ser pop.
Como você responde a críticas de que o programa é assistencialista?
Não fazemos assistencialismo. Veja o caso da Maria Cristina, de Duque de Caxias, vítima de bala perdida, que ficou paraplégica. Fui lá, ela mora num barraco, não pode nem sair de casa. Mas ela está batalhando, feliz com a vida. Não é uma história derrotista, é um exemplo que se dá às pessoas. Quando chego em casa para jantar, falo com Angélica: “Sabe todos os nossos problemas? São ínfimos, não temos que dar valor a eles.” As histórias te dão uma blindagem contra bobagens, patrulhas, invejas, pequenices do dia-a-dia.
Como você lida com o assédio dos paparazzi? Como foi ver fotos de Angélica grávida de topless numa revista?
Não adianta estrebuchar, você tem que negociar com a imprensa: “Meus filhos, não. Eu, sim.” Quando ela apareceu nua foi incompetência de um editor que não dura um ano numa revista (“Contigo!”), como aliás não durou. A gente soube antes de sair e notificou, mas não conseguiu evitar. Mas o importante é manter sempre o pé no chão. Quando comecei a escrever em jornal (a coluna “Circulando”, no “Jornal da Tarde”), o Fernão Mesquita (então diretor) disse: “Não sei onde você vai dar, não sei o que vai fazer da vida: não fure fila jamais.” A hora em que você se acha poderoso está prestes a perder seu poder. Se você se colocar num pedestal em relação ao mundo, fica distante e não ouve o que as pessoas falam.
Como o nome diz, o “Caldeirão” é uma mistura de atrações. Tem do “Soletrando” à musa do Brasileirão...
Moro no Rio há dez anos. Por que gosto da cidade? É o lugar mais democrático que conheço. Não tem essa bestice de não poder se misturar, de precisar andar só com iguais. O que mais me encanta é a possibilidade de você ter sua personalidade, de se vestir do jeito que quiser, e as pessoas te respeitarem por isso. Aqui, tenho amigos em todo lugar, do prédio Cap Ferrat na Vieira Souto à favela Parada de Lucas. O Rio me ensinou isso: quanto melhor você misturar, mais divertida fica a vida.
fonte:O Globo
agradecimento:Marcelo
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